Dentre os animais, nós - humanos – podemos fazer escolhas racionais e construir um modo cultural de viver. Podemos escolher a vontade de cooperar, a prática da bondade, ... o dinheiro como deus ou "a doença como caminho". Podemos cultivar a avareza, a gula, a luxúria, o ódio, ... abusar de mansos, de fracos, de crianças e de idosos; ser intolerantes, usar armas, intimidar pessoas, fazer intrigas, promover guerras, conquistas, ... Pessoas simples – muitas vezes, sem diploma, com limitações físicas e com poucos recursos financeiros – se unem para ajudar amigos, desconhecidos e, até, inimigos, na esperança que mais gente entre no mutirão do bem. Por outro lado, predadores desfaçados exploram familiares, vizinhos e governos para comprar e esbanjar. Devassos se entregam a prazeres desenfreados, abusando dos outros e desmoralizando a vida. Quando alguém cai na escuridão do fanatismo, segue a voz que arrasta para o abismo da alienação. Quem segue leis naturais, com simplicidade e desapego, tem maiores chances de viver em paz e harmonia. Alguns fazem escolhas iniciais na infância ou na adolescência; outros, escolhem aos poucos, quando tomam consciência da própria responsabilidade, ou ... só na velhice... Quem nunca escolhe acaba escolhido e, alienado e manipulado, segue o fluxo social, rumo ao fracasso.
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FRASES 9
- A maior e a pior violência é a violência étnica: impor aos outros aquilo que chamam de cultura.
- Para o pobre, o pouco resolve; para o rico, nem o muito satisfaz.
- Ao organizar o ambiente e/ou o tempo, as pessoas estão também organizando a “mente” (inteligência). A desorganização externa (ambiente/tempo) é apenas reflexo da desorganização interna.
- A partir da fala surgem a reflexão e a consciência, como capacidades de descrever a si mesmo.
- Alguns anos atrás, era suficiente que parte da população passasse pelos bancos escolares para receber apenas informações. As exigências do mundo atual são bem maiores: toda população precisa dominar o conhecimento, desenvolver habilidades e assumir atitudes. É o saber, o saber fazer e ter a consciência do que faz.
FRASES 8
- A paz e a guerra são escolhas.
- Não se ama apenas o bem; muitas pessoas amam a guerra, a fofoca, o lucro, a promiscuidade, o vício, o jogo, …
- A paz rende mais que a guerra.
- O político tira um pouco de todos, distribui um mínimo aos amigos e guarda o resto.
- As pequenas ilhas é que são exóticas; paisagens para se olhar de fora e não lugares para se viver. É melhor viver em terra firme do que em ilhas de fantasia.
FÉLIX APAIXONADO
Félix passava a maior parte do tempo sentado no velho sofá da sala hipnotizado pelas imagens e pelo som da televisão. Os assuntos e os fatos eram sempre novos, porque ele esquecia tudo em minutos. Emocionava-se instantaneamente; esquecia imediatamente. Por isso, tudo era novidade. Até a aparição de um dos netos, que ele olhava com curiosidade, pois, na sua mente, não havia registros daquele personagem. Aliás, poderia ter, porém, o avô não encontrava os registros mnemônicos.
Passava horas babando pelos cantos da boca, agitado, excitado; as emoções estremeciam a velha carcaça a cada nova aparição feminina. As borrachas do sofá sofriam com os corpomotos, sismos intermitentes da tensão corporal. Esquecia do mundo. Aliás, de nada lembrava.
A esposa passava o dia em vigília. Preparava as refeições com um olho nas panelas e o outro no marido desmiolado. A mulher ia ao banheiro na correria, aproveitando os momentos em que ele estava encantado com alguma ninfa virtual. Até para atender quem batesse à porta, caminhava de ré, pois o caminho era mais estável que o pai de seus filhos.
Conceição – por ter concebido os filhos dele – prestava os serviços de esposa, de acompanhante e de enfermeira, sem reclamar e, até, com certo humor. Inicialmente, sofreu ataques de ciúme, como os havia sofrido desde que casara e acompanhava as investidas do farmacêutico, especialmente, quando aplicava injeções nas nádegas de suas vizinhas.
Porém, logo tomou consciência de que Félix nem mesmo sabia o que fazia. Deixou de levar a sério as babações, os acenos e os beijinhos jogados para o aparelho de TV. Às vezes, Conceição entrava na brincadeira, sorria para ele, piscava malícias, jogava beijos e perguntava:
— Qué casá comigo?
E ele, com os olhos vertendo ternuras:
— Pode ser…
FRASES
- O amar depende da decisão de aceitar o outro como ele é.
- Economia é a arte de saber gastar.
- A sede ensina a cavar poços.
- Felicidade é ter o que fazer.
- A morte nos ensina a viver.
Do livro LETRAS, PALAVRAS, FRASES, POEMAS.
JOGOS SEXUAIS
Os rebanhos humanos seguem em busca de saciedade. E, saciados, mantêm, na lembrança, a sensação do prazer sentido ao saciar a fome, a vaidade e os desejos. O prazer norteia a marcha dos rebanhos que buscam alimentos para satisfazer o corpo, emoções para satisfazer a libido, poderes para satisfazer o orgulho ou dinheiros para comprar alimentos, emoções e poderes. Saciadas as necessidades naturais, os humanos criam artificialmente novas necessidades para obter repetidas oportunidades de sentir prazer, comendo, acariciando, comprando, subjugando e dominando. O saciamento de necessidades, de desejos e de vaidades, entretanto, cobra altos preços. Nada é de graça. Quem pode saciar uma necessidade aproveita o ensejo para capitalizar espaços de dominação e cotas de poder. Talvez, a necessidade de pertencimento seja a força que une e comanda a massa humana que segue atrás de bandeiras de luta desenhadas com ingenuidade e/ou má-fé. Por detrás de slogans, palavras-ônibus e discursos – hinos instantâneos e efêmeros –, existe um emaranhado de correntes que ovelhas e cordeiros ignoram ou fingem não ver. Cidadania, democracia, direitos humanos, preconceito, assédio sexual, racismo, desigualdade social, trabalho escravo, ... os catecismos conseguem uniformizar a marcha do rebanho. Cantando a mesma canção, ovelhas e cordeiros se sentem seguros para caminharem na mesma direção. Dentre as estratégias usadas pelo comportamento tribal, está a cortina que encobre os jogos sexuais. Robôs conduzidos por inteligência artificial estão imunes a atrações sensuais, hormônios provocadores, agressões físicas e assassinatos. Seres humanos – por enquanto – ainda agem e reagem por estímulos, excitações, provocações e artimanhas sensoriais. É ingenuidade ou hipocrisia se esconder atrás de ondas sociais ou de discursos superficiais sem analisar as relações lógicas de causa-efeito que ocorrem na fisiologia dos corpos. As ondas moralistas se assemelham a religiões politeístas com deuses virtuais instáveis e sacerdotes eventuais que usam e dominam as ferramentas eletrônicas para subjugar instintos, sentimentos, ciclos naturais e eventos biológicos. Acondicionam os fenômenos reprodutivos em fôrmas ideológicas anônimas e massacrantes: trituram os grãos para formar uma massa de aspecto aparente uniforme. Usam a mídia e por ela são usados. As árvores que expõe flores para as abelhas polinizarem e que geram frutos com sementes férteis distribuídas pelas aves devem ser submetidas às vontades humanas, produzindo lucros para o mercado capitalista. Manipulam as videiras para produzir uvas sem sementes durante todo o transcurso anual e em todas as regiões; negam o convívio de casais de animais em primavera: confinam, inseminam, engordam e abatem. Escravizam animais e vegetais ao deus Consumo, usando engenharias genéticas e transgenias. As pessoas devem controlar seus hormônios e desejos, fingindo desconhecer as reações naturais do próprio corpo, como se as glândulas femininas não liberassem estrogênio e as glândulas masculinas não liberassem testosterona; esses odores devem ser abafados com perfumes potentes. Porém, a indústria e o comércio podem livremente explorar a moda baseada em atrativos sexuais e obter lucros usando imagens e imaginações dos próprios consumidores fanatizados, que são o princípio e o fim dos processos consumidores. A violência visível pode encobrir a violência simbólica e a manipulação, sejam elas conscientes, intencionais ou ingênuas. Muitos buscam gozar prazeres e tirar vantagens sem compensar as vítimas em ambos os lados da guerra. Os espertos usam os mantras para ganhar palco e para cobrar indenizações pelas reações alheias, se fazendo de vítimas dos jogos sexuais de iniciativa própria. Sítio Itaguá, das 03:08 às 04:10 horas do dia 01jan2017.