Somos compostos de matéria e espírito. Nem sempre os dois caminham juntos: às vezes, o corpo quer o que a mente nega; outras, a mente quer o que o corpo não pode. Vivemos assim entre o sonho e a realidade. A realidade nos parecendo sempre limitada, com urgente necessidade de ampliação; o sonho se colocando tão além, longe do alcance das nossas mãos. Queremos o abraço, o carinho, o afeto... Sem abrir mão de nossas regras, de nossas vontades, de nossos desejos. Queremos o conforto e a segurança de uma família, mas, também, a liberdade e a intimidade negadas pelos familiares. Queremos a autonomia, a independência, o poder... Porém, com eles, perdemos a fragilidade, a ajuda, o mimo, o aconchego, a proteção. Queremos silêncio ou música, jejum ou extravagância, abstinência ou luxuria, distância ou abraços, sol ou chuva... conforme nossa mente ou conforme nosso corpo alternem nossos desejos. Estamos eternamente insatisfeitos, somos completamente incompletos. Por isso, a vida é bela: sempre há o que fazer, sempre há pelo que lutar.