Ao falarmos de ‘vizinhos ruins’, talvez, estejamos falando do desconforto que sentimos em relação a divergências.
Em geral, somos muito defensivistas. E irracionais, também. Ou seja, agimos emocionalmente, sob perturbação moral. Indignados porque os outros seguem diferentes padrões comportamentais ou porque mantêm hábitos antigos ou muito inovadores. Como diz Anna Maria, minha mãe: “Os outros, ou são muito jovens ou estão muito velhos; eu é que estou na idade certa.”
Uma coisa é um vizinho mau; outra, um mau vizinho. Há, é claro, uma minoria de pessoas maldosas em toda parte. Há predadores e há belicosos. Inclusive entre plantas e animais.
No entanto, a maioria das pessoas quer acertar, colaborar, cooperar e viver em paz, seguindo as regras do jogo social. Sem prejudicar ou tirar vantagens. A maioria das pessoas prefere viver em comunidade e contribuir para a harmonia produtiva.
Consideramos , possivelmente, ‘maus vizinhos’ aqueles que pensam de forma diferente que a nossa; aqueles que têm outros hábitos, outros costumes e seguem outra tábua de valores.
Com pequena dose de tolerância, poderemos permitir que os outros pensem e ajam de forma autônoma, no trabalho, na religião, na família, na alimentação e na filosofia de vida.
Afabilidade, cortesia e generosidade podem gerar reflexos. Ou seja, se formos afáveis, corteses e generosos, aumenta a chance e que os outros sejam também cordiais conosco.
Mesmo que nós tenhamos a boa intenção de ajudar, podemos ser considerados invasivos, metidos, prepotentes, agressivos.
Devemos nos esforçar para entender as reações dos ‘incomodados’ que nos incomodam.
As disputas de poder permeiam todas as relações humanas. Mais fortemente, as relações conjugais: sujeitas ao jugo ‘amoroso’. Estão, também, presentes nas relações familiares. Aparecem menos, mas de forma mais diversificada, nas relações de vizinhança e de comunidade.
Enfim, a vida é uma luta por espaços e pela sobrevivência física, espiritual e/ou social em nosso habitat.