HUMILDADE E ESPERANÇA

Na floresta, os sons dos espaços naturais,
a sensação de privacidade e de paz.

Silêncio relativo.
Orquestra da Natureza, melodias
coletivas, harmoniosas e surpreendentes;
coro multissom: animais, folhas, vento, chuva,
murmúrio do riacho, algazarra da cachoeira.

Sinfonias interrompidas quando
um bicho entoa sua apresentação solo;
os demais silenciam para escutar
gorjeios, pios, trinados, assobios ou
o cantar de bugios, capivaras, cobras,
gambás, graxains, lagartos, lontras,
maracajás, ouriços, ratos ou tatus.


Floresta... Flores? Abelhas...
Flores no chão e flores nas copadas das árvores.
Poucas flores à altura de olhos humanos;
privilégio dos répteis e das aves, tatus e de sabiás.

Para ver flores,
precisamos olhar pra baixo e olhar pra cima.

Um exercício que pode ser útil na Sociedade:
olhar pra baixo e olhar pra cima;
aceitar os pequenos e os grandes;
perceber as dificuldades da pobreza
e temer o poder da riqueza;
rever o passado e mirar o futuro.

PROSTITUIÇÕES

Podemos conceituar ‘prostituição’
como ‘compra (e venda) de prazer’.
Pessoas que têm dinheiro pagam
pelo prazer que sentem
(ou poderiam ter sentido)
com pessoas, animais e/ou objetos.

Pelo senso comum e pelos dicionaristas,
seria uma atividade feminina
degradante e condenável...
por aqueles que não precisam se prostituir,
pelos que têm prazer de graça
e pelos que têm a graça de sentir prazer
com coisas normais, simples e gratuitas.

Então, podemos, também, considerar
que receber e pagar por outros prazeres
seja, também, uma forma de prostituição.

Pagar ao Papai Noel
para dar prazer a uma criança,
por exemplo, pode ser
prostituição ‘socialmente aceita’,
louvável e religiosa, até.

Gastar dinheiro com banquetes
para dar prazer aos que,
naturalmente, não sentem
alegria na nossa companhia,
poderia ser ‘prostituição afetiva’?