A MARREQUINHA QUE PERDEU O MEDO DE ÁGUA
Eram seis marrequinhos, tão parecidos no amarelo das penugens infantis e na vontade de comer, que só a mãe mesmo era capaz de identificar cada um deles.
Logo que eles conseguiram andar com desenvoltura, a mãe marreca conduziu a fila de filhotes famintos à cata de grãos e de pequenos animais que encontrassem na terra, como insetos, lesmas e minhocas.
Depois de encher o papo, a mãe levou os marrequinhos para o lago e os ensinou a lavar o bico, os pés e as penas.
A seguir, foram todos descansar na relva, limpando a pele com o bico.
Porém, Marrequita não entrou no lago; ela ficou deitada na relva, observando a mãe e os irmãozinhos deslizarem sobre a água.
Viu que eles mergulhavam, vez em quando, para apanhar algum petisco que estivesse flutuando na água.
Assim, acontecia todos os dias: a família Marrequez acordava com fome, saía para procurar comida e, depois, com o papo cheio, entrava na água para um banho refrescante.
A mãe marreca insistia com a filha para que acompanhasse os irmãos dela, que a água estava com temperatura agradável e que, depois de um bom mergulho, ela se sentiria mais leve e bonita.
Lamentava, também, que os outros marrequinhos debochassem da irmã, rindo das penas dela que estavam grudentas e sem brilho.
Marrequita, ouvindo as gozações, ficava muito brava.
Marrequita parecia ser diferente: saía do lodo diretamente para o descanso sobre a relva ensolarada. Ela tinha preguiça de ficar catando ciscos ou piolhos.
Com o passar dos dias, cresceu um cascão sobre a pele e Marrequita começou a sentir o cheiro de sujeira, que atraía moscas e afastava os irmãozinhos.
Num dia bem ensolarado, a família Marrequez estava se refestelando na banda de lá do lago e Marrequita estava deitada sozinha na margem, bem próxima da água.
Então, viu algo se mexendo na água. Era um peixinho. Mas, ela ainda não conhecia peixes… Pensou que poderia ser um bichinho que tivesse caído no lago… E, como ela ainda estava com um pouco de fome, se levantou da relva e se jogou na água de bico aberto que era para pegar o bichinho.
O peixinho foi mais rápido que ela… e fugiu. Mesmo tendo perdido o petisco, Marrequita se sentiu muito feliz, porque descobriu que podia boiar com facilidade e que, por isso, não deveria ter medo de água.
Ah! Como era gostoso nadar sobre a água, sentindo a sujeira saindo da pele!
Logo, se sentiu segura e foi ao encontro da mãe e dos irmãos que brincavam na outra margem do lago.
Os irmãos nem reconheceram Marrequita, com suas penas agora limpas e brilhantes.
E a mãe marreca sentiu uma grande alegria ao ver os filhos reunidos e ainda mais iguais.
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