Nova Trento

Carta aos alunos da Escola Francisco Mazzola, em 17 de agosto de 2002

“Cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz.”    Almir Sater

O conhecimento nos leva à existência.

Antes de estar com vocês, eu não os conhecia e, provavelmente, vocês não me conheciam. Por isso, não existíamos um para o outro. Não podíamos pensar um no outro, porque não tínhamos uma idéia do outro ainda não conhecido. Há magia no ato de conhecer: o ato de conhecer dá existência a quem e ao que assumimos como conhecido. Só agora existimos um para o outro. Logo, a existência não é uma decisão individual; ela é uma construção coletiva.

Como quando conversamos, no início desta semana, vou analisar algumas palavras. Falamos em amizade e ela me transporta para a palavra comunhão: a união dos que têm objetivos comuns, crenças comuns; os mesmos ideais. E comunicação é o agir coletivo dos que comungam dos mesmos ideais. Já confusão quer dizer aquilo que se fundiu, se misturou, que perdeu a ordem; incapacidade de reconhecer diferenças, falta de clareza.

Precisamos estar em comunhão sem nos fundir com o outro, sem nos anular. O “nós” é constituído da união dos “eu”. Precisamos estar juntos, construir juntos, mas sem perder a nossa identidade. Jamais haverá um “nós” forte se não construirmos um “eu” sólido e solidário. A sociedade será tão ética e tão cooperativa quanto éticos e cooperativos forem seus sócios.

Falamos também na palavra competência: “qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa, …”  Uma das metas que a maioria de vocês estabeleceu, para esse ano, foi “passar de ano”. Vocês têm competência para “passar de ano”, porque são capazes de analisar e dar solução para todas as tarefas escolares.

O ano passa todo mês, toda semana, todo dia, toda hora, todo minuto, todo segundo… Por isso, a todo momento, precisamos fazer o que precisa ser feito, da melhor maneira que pudermos e com prazer. Só podemos ter interesse e sentir prazer por aquilo que conhecemos, a começar por nós mesmos. Conhecer a nós mesmos é tomar consciência de nossas capacidades, de nossas habilidades e principalmente do que queremos, do nosso projeto de vida. Conhecer a nós mesmos implica em tomar consciência de como e de quando sentimos alegria ou tristeza, de como e de quando aprendemos, de como nos vemos e de como somos vistos.

Somos estranhos de nós mesmos: não reconhecemos as nossas reais capacidades e acabamos nos subestimando, nos fazendo menores do que somos. Por isso, fazemos menos e vivemos menos.

Outra meta estabelecida “para a vida toda”, pela maioria, foi: ser feliz.

Felicidade não é um lugar no futuro. Em cada momento, em cada lugar e com cada pessoa, a felicidade é outra. As felicidades são muitas. E estão à nossa disposição. A felicidade é como a água de uma fonte: vai passando pelas nossas mãos. Só conseguimos aproveitar uma pequena porção da água; a maior parte vai embora. Quando estamos com muita sede, toda água é boa. Parece que nossa sede de felicidade é pequena, porque deixamos que a felicidade cotidiana escorra pelos nossos dedos, esperando por uma felicidade perfeita, que está à nossa espera, em algum lugar, no futuro. Precisamos aproveitar e viver a felicidade de agora, com as pessoas com quem estamos, senão essa chance se perde e não poderemos mais viver o momento que passou.

Amigo não é aquele que aceita o outro como o outro é. Amigo é aquele que, conhecendo o outro, valoriza as qualidades do amigo e que propõe, com ele, trabalhar para reduzir os defeitos e preencher as falhas. Amigos constroem, em conjunto, os conhecimentos, as habilidades e os valores necessários à felicidade.

Juntos, vamos construir as competências necessárias para uma vida feliz.

Mario Tessari

TIRANIA DOS HORMÔNIOS

A galinha preta está chocando há semanas. Não há ovos debaixo dela, apenas pernas, dedos, unhas e palha. Se estivesse sobre ovos, estaria ainda mais determinada a proteger o ninho. Quando as outras galinhas atacam, foge das bicadas e se esconde chorando. Raramente se alimenta.

A fisiologia das aves depende de hormônios que comandam outros hormônios para: nascer, se desenvolver, crescer, amadurecer sexualmente, atrair parceiros sexuais, formar ovos, construir os ninhos, botar e chocar ovos, cuidar dos filhotes, … As galinhas não planejam seus ciclos de postura, nem seguem regras estabelecidas por um coletivo de galinhas. Dizemos que elas seguem as leis naturais.

O Sistema Endócrino também comanda a fisiologia dos mamíferos: a fome, a sede e o cio. Os hormônios gerados pelas glândulas determinam a ocorrência e a intensidade dos processos orgânicos, como digestão, crescimento, sexualidade e envelhecimento.

Vez em quando, uma matilha passa pela estrada atrás de uma cadela. Se ela para (pára), todo o séquito para. Os mais exaltados rosnam e distribuem dentadas. Se ela segue por outra estrada ou se ela retorna, os ‘fiéis seguidores’ acompanham. Algumas horas depois, a procissão passa em sentido inverso. Durante alguns dias, a cerimônia será repetida, com pequenas diferenças no conjunto de participantes ou no estado físico dos machos em progressiva exaustão.

Ouvi e vi o apelo de vacas em cio, as lutas dos canários e dos lagartos pela chance de gerar filhos, admirei os cantos de machos chamando as fêmeas na primavera, vi homens e mulheres se enfeitando para parecerem melhores reprodutores. A estatura, a ‘cor dos olhos’, a altivez e os contornos sensuais de seus corpos interferem na disputa por parceiros sexuais. Como ‘seres culturais’, os humanos usam, além dos dotes físicos, os poderes representados pelas riquezas acumuladas: a herdeira de uma fortuna ‘dá melhores frutos’ que uma moça pobre; o dono de um automóvel vistoso atrai mais que um pedestre.

Como diz Beatriz Cardoso Soares, “tudo muito natural”. Sim. É a natureza que faz as ofertas e as escolhas e não a pretensa ‘racionalidade dos animais superiores’. Os hormônios comandam os flertes, os namoros e os acasalamentos. Os feromônios humanos desencadeiam as atrações, as repulsões, a defensividade, a percepção de perigos, a agressividade e os desempenhos sensual e sexual.

Na época em que eu mantinha cabras leiteiras com a ilusória intenção de produzir queijos, um caprinocultor alertou que a catinga do bode desencadeia os ciclos reprodutivos das fêmeas e não o porte físico, a beleza aparente, a produtividade em carne ou em leite. Os feromônios – o bodum – excitava as cabras e o plantel e os lucros aumentavam. Porém, os feromônios (o bodum) diminuíam com o avançar da idade do bode. Ou as cabras se acostumavam demais com o cheiro ‘de sempre’; queriam alguma variação…

Tenho observado que os acasalamentos de humanos ‘ao primeiro cheiro’ ou por ‘atração sexual instantânea’ prosseguem enquanto a produção de hormônios estiver alta. Poeticamente, “amor à primeira vista”. Muitos consumam o casamento. Outros, apenas consomem. Depois, separação, divórcio e a busca por novos parceiros. Será essa a causa da explosão demográfica dos humanos?

Os sapiens sapiens pouco sabem ou nem querem saber que são escravos dos hormônios, que agem e reagem conforme os códigos fisiológicos produzidos pelas glândulas endócrinas; que vivem sob o arbítrio hormonal. Além de serem manipulados por esses ditadores poderosos, os humanos cultivam mais tiranos ainda: a ambição e a vaidade. Além de dominados pela natureza, passam a depender de vícios que eles mesmos criam através do que chamam, orgulhosamente, de Cultura.

Ou seja, os corpos recebem ordens das glândulas endócrinas e se esforçam para mergulhar nos abismos da ambição e da vaidade. Somos conduzidos por hormônios e buscamos, cada vez mais, a beleza atraente e a posse de riquezas e de poderes. Quanto mais somos ou temos, mais desejamos e mais conquistamos. Somos insaciáveis, desequilibrados.

A criação de hormônios e de feromônios sintéticos pode ser considerada mais um exemplo da estupidez humana. Perfumes hormoniosos. Insatisfeitos com o que conquistamos por atração natural, fabricamos e compramos drogas para controlar os processos naturais: para atrairmos, nos sentirmos atraídos e ainda mais ‘felizes’ e poderosos, quase onipotentes. Queremos ser tudo e dominar todos. Qual será o fim dessa escalada de despudor?

LIMITES

   Cada ser vivo estabelece seu espaço vital, conforme o poder que tem de restringir o espaço dos outros. Se sozinho no mundo, provavelmente, o indivíduo estabeleça seus limites no limiar de suas necessidades de espaço.

No entanto, cada vez mais, aumenta a densidade de seres vivos, diminuindo a fatia que corresponde a cada um. Por isso, como algumas plantas e alguns animais, sobrepujam os mais fracos, invadindo os espaços vitais deles. Excedem aos seus limites, exatamente porque os vizinhos carecem de forças e de agressividade para defenderem os próprios limites.
Por outro lado, alguns dos invadidos utilizam justamente a inércia individual para provocar piedade, reivindicando direitos iguais.
A palavra respeito é aglutinação portuguesa da expressão latina ‘res pectus’, significando coisa alheia. Ou seja, se é dos outros, não devo mexer.
Mas, também, pode significar ‘ação de olhar para trás’. Então, respeitar deveria ser aceitar o limite dos outros, sem abrir mão dos próprios limites.
A convivência entre seres vivos será sempre uma relação de poder. Para nós seres humanos, poderá ser um conjunto de relações pacíficas, mediadas por comportamentos éticos.

RECONHECIMENTO

   Desconheço as razões pelas quais escrevo; apenas, escrevo.
   Ler e escrever foram desejos gerados por meus pais, Anna Maria e Vitorino, bem antes de "deus lhes dar um filho". (Nem imaginavam existir óvulos e espermatozoides...) Devo a eles muito do que sou. Além de me darem corpo, cultivaram minha mente e forjaram valores que prezo e procuro praticar.
   Escrevi literariamente a partir da adolescência. O primeiro poema, que guardo por escrito, foi dedicado a meu pai, matado anos antes. Durante o Ensino Médio, a professora de Língua Portuguesa, Irmã Maria Rosa, como avaliação escrita, determinou: “Escreva uma redação sobre o tema: RUAZINHA DA MINHA INFÂNCIA”. Escrevi um soneto, contemplado com nota dez e estrelinhas. O poema está na página 9 do livro Ipoméia. Segundo poema, logo a seguir do poema-título.
   À medida que o tempo passava, mais e melhor fui escrevendo. Escrevi e escrevo por escrever, para ajudar pessoas a escreverem, para organizar meu código de valores, para construir vida intelectual e como possibilidade pós-morte.
   Alguns mestres escolares me incentivaram e orientaram. Quando ganhei dinheiro, comprei uma máquina de escrever e papel em resma. Montei livros datilografados... O primeiro computador, a primeira ferramenta de digitação eletrônica (o aplicativo Fácil), depois, o Windows e o Word.
   Em 1977, as senhoras luteranas da OASE, de Canoinhas SC, estavam organizando um grande evento cultural e Ederson Luis Matos Mota, diretor da EEB Almirante Barroso, propôs que fosse lançado um livro e que poderia ser um livro com poemas do Mario Tessari. O Ederson selecionou trinta e um poemas que receberam capa e ilustrações de Maria de Lourdes Brehmer e formaram o pequeno livro Ipoméia.
   A partir dessa publicação, recebi convite de jornais e de revistas, onde pratiquei as artes poéticas, narrativas, cronicontadas, ...
   Aos dezesseis anos, tive a sorte de conviver com um homem culto, que colocou à minha disposição sua biblioteca e que me propunha desafios todos os dias. Eu admirava imensamente o casal e considerava a história do amor deles algo com direito a ser narrado; iniciei as escrituras de SUÇURÊ.
   Depois de aposentado, voltei à UFSC como aluno do Curso de Psicologia. Como participante daquele centro cultural, me senti no direito de publicar um livro pela EdUFSC. O poeta que presidia a Editora, me tratou com desdém e encaminhou a negativa com o conselho de que aguardasse alguns anos 'para amadurecer' e reescrever os poemas. Eu estava com cinquenta e três anos... E os leitores poderão avaliar a 'maturidade' dos poemas que compõe o livro MOMENTOS, publicado em 2004.
   Essa publicação foi o desencadear de muitas outras publicações. E não por acaso: a partir desse ano passei a conviver dia-e-noite com Maria Elisa Ghisi.
   Além de parceiros nas lidas cotidianas, domésticas e profissionais, unimos nossas mentes em leituras compartilhadas e no esforço para bem escrever.
   A Elisa tem ótimas ideias. Porém, as ideias dela permanecem orais, ágrafas. Apenas anota e registra pensamentos ... em letra cursiva; tudo manuscrito.
No entanto, sem ela, não haveria tantos ‘livros do Mario Tessari’, nem tantos textos publicados no blogue. Ela também é a principal divulgadora de minhas obras.
   Todavia, a maior contribuição dela sempre foi e continua sendo a leitura atenta, as críticas assertivas e acertivas, a indicação da presença de obscuridade ou de ideias confusas (falta de clareza ou ambiguidade), a denúncia de incoerências, vazios ou absurdos, o questionamento das construções frasais, o apontamento da necessidade de coerência ética, os alertas sobre estética e fluência e a exigência de responsabilidade sobre o que se escreve. 
   Sem ela, a qualidade dos meus livros (conteúdo e redação) estaria bem abaixo.
   No início do ano 2022, fui movido pelo desejo de escrever estórias para meus netos. As ideias foram surgindo em minha mente e transformadas em textos digitais. Porém, dependeria de alguém que conseguisse desenhar melhor do que eu, que consigo apenas rabiscar...
   Com auxílio da WEB, encontrei a ilustradora Renata Ramos e iniciamos uma parceria literária. Além de criar imagens lindas e comunicativas para cada ideia escrita, ela trabalhou bastante e conseguiu publicar nosso primeiro livro para crianças de alguns países.

O PORVIR E O POR VIR

Vivo uma vida singela, entre árvores e pássaros, ouvindo a música das cachoeiras, cultivando a horta e o jardim, usufruindo uma aposentadoria tranquila, que possibilita passar algumas horas lendo ou escrevendo. Partilho com a Elisa a parceria nos projetos e o apoio recíproco nas dificuldades. Nada será ‘pra sempre’, por isso, renovamos todos os dias nossas práticas de convivência.

Amanhã …?

Viverei como escritor-sitiante até quando perder o domínio sobre o corpo e sobre a mente; por enquanto, cuido da casa e do corpo e, com a ajuda do Vanderlei, consigo dar conta dos trabalhos de manutenção do Sítio Itaguá. Depois… quem sabe alguém que ame a natureza queira continuar a obra? Acredito que sempre haverá utópicos dispostos a ‘dar a vida pela natureza’.

Morrer…

Se a morte repentina me apagar, minha velhice será breve…. Caso tenha uma morte longa, dependerei de cuidadores que caibam no meu orçamento e de alguém que administre a situação.

Prefiro morrer ‘na luta’, peleando, de pé. Se acaso as pernas fraquejarem, continuarei a caminhar sobre muletas, rodas ou esteiras, pois, enquanto vivo, quero andar.

Pode a mente sofrer períodos de descontinuidade ou ser desligada definitivamente; sei que pode ocorrer. Quando isso acontecer, peço o favor: desliguem o corpo também. Quando perder o ‘eu’ existencial, nada mais terei para pensar, ler ou escrever e a vida corporal será inútil para mim e um estorvo para as pessoas próximas.

Espero que mente e corpo morram simultaneamente; se um tiver que morrer primeiro, que seja o corpo. Quando a mente morrer, o corpo não saberá o que fazer.

PRIMEIRO DIA DE UM ANO

Pode ser que, distraídos pelos fogos de artifício ou pelas alegrias artificiais, tenhamos esquecido que hoje é Dia de Ação de Graça, dia de agir sem cobrar, de ajudar os outros sem pensar em si.

E, principalmente, dia de agradecer.

Agradecer a nós mesmos pelo que fizemos bem e agradecer a todos que nos ajudaram a acertar e/ou nos indicaram os perigos de errar.

Agradecer pelas dádivas que a Vida disponibilizou gratuitamente e pelas recompensas por termos trabalhado com planejamento, responsabilidade, persistência e abnegação.

Em especial, dia de agradecer que podemos iniciar mais um ano de boas ações.

05.09 / 01.01.2021

MUDAR NA MUDANÇA

Podemos mudar de apartamento, casa, bairro, cidade, região, país, … Talvez, … de planeta…

Impulsionados por insatisfações, saturamentos, esgotamentos, tragédias, expulsões, aversões ou oportunidades.

Podemos deixar o indesejado, algo do que fomos, apelidos, relações, humilhações, perseguições, limitações espaciais ou emocionais.

Em busca de horizontes amplos, harmonia interna, familiar, social ou comunitária: melhores condições de vida.

Podemos mudar de residência e aproveitar para mudar de vida.

Ou, ingenuamente, carregar conosco idiossincrasias, ilusões, manias, comportamentos, …

Assumindo os mesmos papeis, repetindo hábitos prejudiciais, reconstruindo o desagradável…

Ou podemos aproveitar a mudança para mudar a nós mesmos, abandonando ‘verdades’, replantando esperanças e concretizando sonhos.

CASAMENTO PERCENTUAL

Alice é 100% solteira? Pedro está 100% casado? Cristina pode ser 75% viúva? As separações conjugais podem ultrapassar o 100%? Ex-cônjuges que se odeiam podem estar separados 202%? Alguém pode estar minimamente casado? É horrível ser filho de pais solteiros? Os traidores traem o quê? Um homem apaixonado ama sua esposa? É possível estar completamente apaixonada sem jamais ficar casada?

Em que proporção eu estou casado? Em que proporção você está separada? Em que medida somos felizes? Beatriz pode ser aparentemente feliz? Ou feliz só nas aparências? Ou só para aparecer? Fazemos de conta que estamos casados? Ou nosso casamento é um faz-de-conta? Quais os elementos fundamentais do amor? É possível pesar a intensidade do amor?

Se o casamento for totalidade de sentimentos complementares ou recíprocos, a partir de que percentual sentimental poderemos nos considerar casados? Um casamento pode ser total ou, por mais que nos esforcemos, sempre será uma união parcial? Com mais de 90% ou podemos chegar a 98%? Quanto, infinitamente e decrescentemente, ainda restará para alcançar a totalidade?

Quantas dimensões pode ter um casamento? É possível estabelecer categorias casamentais? Vamos fazer um exercício de categorização? Quais os aspectos sexuais de um casamento? Quais os critérios para indicar as medidas mínimas de carícias, de carinhos e de ternuras? Como medir os dados sexuais de um casamento? Um casal que pode ser feliz sem praticar atividades sexuais? Qual o regime anual de relações sexuais? Prazer a dois? Ou cada um visita o seu motel? Em diferentes continentes?

Cada um tem seu lazer? Quais as diversões e os entretenimentos que vocês partilham? Cada um tem sua praia, seus passeios e suas viagens? Nadam juntos? Ou na mesma piscina, na mesma lagoa, no mesmo rio? Viajam juntos? Riem juntos e choram em comunhão?

Nós mantemos contabilidades individuais? Ou nada contabilizamos? Temos um orçamento participativo? Dividimos as despesas? Ou só acumulamos prejuízos? E os lucros? Será fácil tabular os dados financeiros das participações societárias conjugais?

Documentos garantem casamentos? Quais? Qualquer um? É possível se sentir casado sem ‘documento passado’? Ou estar casados só no papel? Ser casada pressupõe gerar filhos? É permitida a geração independente? O que garante um casamento é a existência contínua de filhos por criar? Os filhos unem ou separam os pais? Quem sabe netos, bisnetos e tataranetos?

Casais que residem no mesmo endereço estão casados 100%? Ou cada um tem seu chuveiro, seu fogão e seu quarto? Ou, no mesmo quarto, em camas separadas? Preparam as refeições em conjunto ou cada um se vira como pode? Ou cada qual vai a seu restaurante?

Banho a dois? Ou privacidade total? Cada qual com sua banheira? A toalha de rosto é usada pelo casal? Ou cada um seca o rosto e as mãos com pano próprio? Cada um tem o seu tubo de creme dental? Mesmo que seja da mesma marca?

E a roupa? Cada qual lava a sua? Ou cada qual tem sua lavanderia e sua máquina de lavar roupas? Se o cônjuge estiver no trabalho e a chuva ameaçar, o outro recolhe as vestes secas que estão estendidas nos varais? Ou os dois fingem não ver, nem a roupa nem a chuva?

Vocês usam o mesmo aparelho de telefone? O mesmo celular? O mesmo endereço na Internet? O mesmo Watsapp? Cada um tem o seu aparelho de TV, com senha encriptada?

Cada um tem seu automóvel? Cada qual tem dois ou três? Em garagens separadas? Pedalam na mesma bicicleta? Ou os dois andam a pé e utilizam o transporte coletivo?

Cada um tem sua religião e respeita a opção do outro? Ou os dois rezam na mesma fé? Ou os dois se atacam religiosamente? Quantos deuses cada um criou? Para quantos deles cada um reza? Ao divino Sexo? Ao divino Sucesso? Ao divino Poder? Ao divino Dinheiro? Ao divino Capital? Ou praticam egolatria?

O espectro casamental abrange que categorias? Sexual, sentimental, financeira, residencial, religiosa, profissional, …? Qual a participação de cada uma dessas categorias no mapa casamental?

Qual o percentual de envolvimento de cada um de nós?

ONDE PROCURAR QUEM?

Todos nós desejamos a companhia de alguém
que compartilhe nossas atividades diárias ou eventuais;
companheiras e companheiros leais, sinceros, compreensivos
que nos acompanhem nos sonhos, nas labutas e nos prazeres.

Acompanhar quem? Surgem muitas dúvidas.
Curiosidades sobre os objetivos pessoais.

Dificuldades para entender as surpresas que acontecem.

Se valorizamos o silêncio, a meditação, a paz  …
talvez, na quietude de um templo, na floresta, a beira-mar ou no nosso lar,
poderemos encontrar pessoas que entendam nossos sentimentos mais íntimos.

Se privilegiamos a aprendizagem, o desenvolvimento intelectual, …
existem livros, escolas, cursos, … e
outros aprendizes dispostos a partilhar conhecimentos.

Se somos apaixonados por arte …
devemos procurar artistas e participar de shows e de promoções culturais.

Se sonhamos com riqueza, sucesso, fama, …
os meios de comunicação e os empreendedores poderão nos ajudar bastante.
Noivos ricos, famosos e importantes também oferecem boas alternativas.

Se quisermos trabalhar em equipe, alcançar estabilidade, segurança social, …
basta participar das dinâmicas laborais normais e realizaremos nossas aspirações.

Se procuramos agitação, destaque social, energia vibrante, prazeres, saciedade, …
possivelmente, eles serão encontrados na internet, no trânsito urbano, nas boates,
nos shoppings, nos bares, nos restaurantes, nas festas e nos bailes.

Se buscamos companhia noturna,
para desfrutar de especiarias em restaurante chique,
até a madrugada e de carona em carrão vistoso, … encontraremos na noite.

Encontraremos as pessoas que procuramos nos ambientes em que elas estão.

Qual a companhia desejada?
Que companheiros procuramos?
Ou somos oferenda para quem anda caçando companhia?