DESTINOS

O primeiro passo (e todos os outros…)

só terão sentido e direção

se soubermos onde queremos chegar.

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Para iniciar,

precisamos decidir nosso destino:

para onde queremos ir.

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Podemos planejar, estabelecer metas,

iniciar a construção, rever o planejado,

avaliar as escolhas e as metas,

retomar ou abandonar utopias,

mudar os destinos, reinventar caminhos,

comemorar as etapas concretizadas

ou voltar ao primeiro passo.

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Passo a passo, construímos ‘o destino’.

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O destino passa a existir

quando estabelecemos nossas metas;

começa a se realizar com o primeiro passo

na direção das nossas escolhas.

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Sempre aparecerão novos rumos a seguir,

opções à espera de nossas decisões.

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Para quem o destino está traçado

por ‘entidades’, seres divinos,

a espera se prolonga até depois da morte;

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para quem depende de guias espirituais,

a submissão conduzirá a esperança…

por labirintos intermináveis;

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para quem espera apoio familiar e heranças,

a beira-do-caminho será, eternamente,

o ponto do ônibus que jamais passará.

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Pouco importa onde estejamos:

o seguinte será sempre um primeiro passo

esperando pelas nossas decisões.

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Para quem se considera satisfeito,

desnecessitado de desafios,

a vida perde o sentido e a direção.

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Vamos iniciar a caminhada de hoje?

DEUS, UM DELÍRIO… COLETIVO.

     Eu tenho opinião diferente das opiniões do Richard Dawkins e do Gilvas.
https://mail.google.com/mail/u/0/h/1k1ikw0z3w40a/?&th=16787f1e759d0133&v=c
Deus existe. Sempre um deus coletivo; nunca ouvi falar em deuses individuais; um deus para si mesmo.
Existem muitos ‘de eus’; milhares ‘de eus’. Cada vez que algumas dezenas de pessoas se congregam e se concretam numa ‘verdade’, cada vez que algumas dezenas de eus se sentem irresistivelmente atraídos por uma ideia, esse pensamento se torna ‘ideia fixa’ sobre espiritualidade, etnia, identidade de gênero, medo da morte, martírio, futebol, política, penitência, finanças, economia, estrelas, animais, nacionalismo ou liberdade utópica.
A comunidade adepta constrói um coletivo ‘de eus’ que passa a comandar as subjetividades; pessoas que acreditam em horóscopos, superstições, magias, bruxarias, simpatias, benzeduras, mau-olhado, sucesso, destino, riqueza e compensação celestial.
Para que uma ideia fixa ou uma crença se torne religião, basta que sejam eleitos guardiões. “Muitos são os chamados; poucos, os escolhidos.” O guardião tem a missão de guardar a verdade que foi divinizada, de proteger os crentes que, ao acreditarem cegamente, perdem o senso de realidade, de fiscalizar o cumprimento integral das obrigações dos fieis seguidores e de administrar os tabernáculos que guardam almas e segredos. Daí a existência de confessionários...
Tudo o que for sagrado deve estar protegido em sacrários. Surgem os templos para abrigar as ‘riquezas espirituais’ e um guardião dos guardiões para organizar a estrutura da igreja; uma hierarquia de guardiões.
Assim, nascem as religiões: na contínua e cada vez mais intensa convicção da verdade tornada absoluta para pessoas que se prendem indissoluvelmente a um agregado ‘de eus’; pessoas que, guiadas por um salvador, se ligam, se religam e se sustentam em procissão rumo ao paraíso e/ou ao lucro prometidos.
Pode ser que seja apenas um processo natural, como os processos físico-químicos fundamentais. Quando alguns (ou muitos) elétrons são atraídos irresistivelmente por um núcleo formado por prótons e nêutrons, passam a formar um átomo; quando um ou vários átomos se unem permanentemente uns aos outros, formam moléculas; o aglomerado de moléculas forma matérias, corpos, ligas, artefatos, ... reconhecidos internacionalmente.
Nas Ciências Sociais, as ideias se estruturam em conceitos, teses, sínteses, definições, teorias, doutrinas, ... Os cientistas são guardiões das verdades científicas; nesse sentido, os cientistas são os sacerdotes da Ciência.
“É mais fácil desintegrar um átomo que remover um hábito.” Albert Einstein
E que diluir uma crença.
Porém, as instituições – como o dinheiro, por exemplo – só existem enquanto acreditamos nelas.

JOGOS SEXUAIS

Os rebanhos humanos seguem em busca de saciedade.
E, saciados, mantêm, na lembrança, a sensação do prazer
sentido ao saciar a fome, a vaidade e os desejos.

O prazer norteia a marcha dos rebanhos que buscam
alimentos para satisfazer o corpo,
emoções para satisfazer a libido,
poderes para satisfazer o orgulho ou
dinheiros para comprar alimentos, emoções e poderes.

Saciadas as necessidades naturais,
os humanos criam artificialmente novas necessidades
para obter repetidas oportunidades de sentir prazer,
comendo, acariciando, comprando, subjugando e dominando.

O saciamento de necessidades, de desejos e de vaidades,
entretanto, cobra altos preços. Nada é de graça.
Quem pode saciar uma necessidade aproveita o ensejo
para capitalizar espaços de dominação e cotas de poder.

Talvez, a necessidade de pertencimento
seja a força que une e comanda a massa humana
que segue atrás de bandeiras de luta
desenhadas com ingenuidade e/ou má-fé.

Por detrás de slogans, palavras-ônibus e discursos
– hinos instantâneos e efêmeros –,
existe um emaranhado de correntes
que ovelhas e cordeiros ignoram ou fingem não ver.

Cidadania, democracia, direitos humanos, preconceito,
assédio sexual, racismo, desigualdade social, trabalho escravo, ...
os catecismos conseguem uniformizar a marcha do rebanho.
Cantando a mesma canção, ovelhas e cordeiros
se sentem seguros para caminharem na mesma direção.

Dentre as estratégias usadas pelo comportamento tribal,
está a cortina que encobre os jogos sexuais.

Robôs conduzidos por inteligência artificial
estão imunes a atrações sensuais,
hormônios provocadores, agressões físicas e assassinatos.
Seres humanos – por enquanto – ainda agem e reagem
por estímulos, excitações, provocações e artimanhas sensoriais.

É ingenuidade ou hipocrisia se esconder
atrás de ondas sociais ou de discursos superficiais
sem analisar as relações lógicas de causa-efeito
que ocorrem na fisiologia dos corpos.

As ondas moralistas se assemelham a religiões politeístas
com deuses virtuais instáveis e sacerdotes eventuais
que usam e dominam as ferramentas eletrônicas para subjugar
instintos, sentimentos, ciclos naturais e eventos biológicos.

Acondicionam os fenômenos reprodutivos
em fôrmas ideológicas anônimas e massacrantes:
trituram os grãos para formar uma massa
de aspecto aparente uniforme.

Usam a mídia e por ela são usados.

As árvores que expõe flores para as abelhas polinizarem
e que geram frutos com sementes férteis distribuídas pelas aves
devem ser submetidas às vontades humanas,
produzindo lucros para o mercado capitalista. 

Manipulam as videiras para produzir uvas sem sementes
durante todo o transcurso anual e em todas as regiões;
negam o convívio de casais de animais em primavera:
confinam, inseminam, engordam e abatem.

Escravizam animais e vegetais ao deus Consumo,
usando engenharias genéticas e transgenias.

As pessoas devem controlar seus hormônios e desejos,
fingindo desconhecer as reações naturais do próprio corpo,
como se as glândulas femininas não liberassem estrogênio
e as glândulas masculinas não liberassem testosterona;
esses odores devem ser abafados com perfumes potentes.

Porém, a indústria e o comércio podem livremente
explorar a moda baseada em atrativos sexuais e
obter lucros usando imagens e imaginações
dos próprios consumidores fanatizados, que são
o princípio e o fim dos processos consumidores.

A violência visível pode encobrir
a violência simbólica e a manipulação,
sejam elas conscientes, intencionais ou ingênuas.

Muitos buscam gozar prazeres e tirar vantagens
sem compensar as vítimas em ambos os lados da guerra.
Os espertos usam os mantras para ganhar palco
e para cobrar indenizações pelas reações alheias,
se fazendo de vítimas dos jogos sexuais de iniciativa própria.

Sítio Itaguá, das 03:08 às 04:10 horas do dia 01jan2017.