A manhã, ao fornecer a luz,
rompe o repouso da noite;
desperta o aconchego do sono.
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A alegria da primavera
está impregnada de dor,
porque a flor que abre
e o ramo que cresce
precisam romper a si mesmos
para superar o corpo que foram
durante o tempo de recolhimento,
tempo de hibernação.
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O despertar da vida,
de aparente alegria,
traz em si
o rompimento do próprio ser
para que ele possa ser mais…
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A magia da vida está
em entender os ciclos vitais,
a alternância das estações,
a importância própria de cada momento,
que é único e necessário para o seguinte,
que não consegue ser mágico por si só,
por ser apenas um passo a mais
no caminho do todo indivisível
prazer de viver como pessoa feliz.
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A própria morte
traz dentro de si a vida,
pois, a saudade que nos invade
vem grávida da sabedoria de quem se foi,
da consciência de que tudo é efêmero
e de que precisamos viver intensamente
o momento presente,
valorizando as coisas simples e as pessoas,
porque, da vida, só lembraremos
da magia dos encontros humanos.
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A alegria e a dor são
partes de um todo perfeito,
que alterna sofrimento e prazer,
na construção da vida.
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A consciência dessa lógica
nos faz artífices do dia que nasce
e da primavera que floresce.