RESPONSABILIDADE CRÍTICA

Nada lembramos do que vivemos inconscientemente quando bebês. Durante a infância e a adolescência, agimos mais por impulso que por raciocínio lógico. Aos poucos, fomos tomando consciência de nossos acertos e de nossos erros. Passamos a pensar antes de fazer e a acreditar que nossas vivências são construídas por nossas escolhas e não por azar ou sorte.

À medida que envelhecemos, passamos a pensar mais sobre o cada vez menos que fazemos; substituímos ingenuidade e espontaneidade por responsabilidade crítica.

Se analisarmos o que formos fazer ou o que já fizemos, poderemos reduzir o volume de decepções e de fracassos, bem como, viver sem tantos sobressaltos e sofrimentos.

PROTAGONISMO DO LEITOR

“… o momento importa na relação do leitor com o livro. Houve mais de um livro que eu abri e comecei a ler, parando nas primeiras páginas ao perceber que aquele livro não era o certo para aquele meu momento, que havia outro livro que se encaixaria melhor ou talvez nenhum livro, talvez fosse o caso de dar um tempo na leitura de qualquer livro. Em quase todos os casos eu retomei a leitura quando eu já era outro e, dado que eu era outro, a leitura do mesmo livro foi outra.” Gilvan Tessari

MEDO DE MORRER

Há 9.000 anos (desde 7.000 a.c.), os sapiens consultam oráculos, constroem tabernáculos e seguem profetas que prometem salvação; tudo para fugir da finitude, da consciência de que nada vive para sempre. Temos medo da morte; não queremos morrer. Animais e plantas lutam para não morrer (“impulso primitivo, pulsão vital, quando em risco de morte”); os seres microscópicos, também. O homo sapiens sapiens continua buscando alívios para seus temores ‘mortais’. Preferimos fazer de conta que não sabemos.

CHORAR, FALAR, ESCREVER, SILENCIAR.

Talvez, eu tenha conversado com minha mãe durante os últimos meses em que estive no útero dela. Talvez. Talvez, minha mãe falasse comigo e, também, meu pai e outros familiares. Talvez, eu tenha sentido o ambiente externo, ouvido vozes, percebido afetos, … Talvez.

Acredito que chorei ao aspirar o primeiro ar. E que continuei chorando até compreender que falavam comigo e reagir com ‘grunhidos’, monossílabos copiados do que eu ouvia. Em seguida, pronunciei os primeiros dissílabos possíveis de interpretar e, depois de meses, aprendi as primeiras palavras.

Durante décadas, desenvolvi a oralidade, a leitura e a escrita, que foram muito úteis para minha sobrevivência, para conquistar autonomia, para escrever textos (e até livros), expondo meus pensamentos, meu modo de estar no mundo.

Continuo revelando minha vida interior, porém, escolhendo as palavras, revelando menos minhas análises, ouvindo as contestações, esperando bastante para interagir, limitando interlocutores e assuntos. Disponibilizo o que falo ou escrevo para quem quiser ouvir ou ler.

Irei silenciando aos poucos … até o silêncio final.

DEUS, UM DELÍRIO … COLETIVO

Eu tenho opinião diferente das opiniões do Richard Dawkins e do Gilvas.
https://mail.google.com/mail/u/0/h/1k1ikw0z3w40a/?&th=16787f1e759d0133&v=c
     Deus existe. Sempre um deus coletivo; nunca ouvi falar em deuses individuais; um deus para si mesmo.

     Existem muitos ‘de eus’; milhares ‘de eus’. Cada vez que algumas dezenas de pessoas se congregam e se concretam numa ‘verdade’, cada vez que algumas dezenas de eus se sentem irresistivelmente atraídos por uma ideia, esse pensamento se torna ‘ideia fixa’ sobre espiritualidade, etnia, identidade de gênero, medo da morte, martírio, futebol, política, penitência, finanças, economia, estrelas, animais, nacionalismo ou liberdade utópica.
     A comunidade adepta constrói um coletivo ‘de eus’ que passa a comandar as subjetividades; pessoas que acreditam em horóscopos, superstições, magias, bruxarias, simpatias, benzeduras, mau-olhado, sucesso, destino, riqueza e compensação celestial.
     Para que uma ideia fixa ou uma crença se torne religião, basta que sejam eleitos guardiões. “Muitos são os chamados; poucos, os escolhidos.” O guardião tem a missão de guardar a verdade que foi divinizada, de proteger os crentes (que, ao acreditarem cegamente, perdem o senso de realidade), de fiscalizar o cumprimento integral das obrigações dos fiéis seguidores e de administrar os tabernáculos que guardam almas e segredos. Daí a existência de confessionários…
     Tudo o que for sagrado deve estar protegido em sacrários. Surgem os templos para abrigar as ‘riquezas espirituais’ e um guardião dos guardiões para organizar a estrutura da igreja; uma hierarquia de guardiões.
     Assim, nascem as religiões: na contínua e cada vez mais intensa convicção da verdade tornada absoluta para pessoas que se prendem indissoluvelmente a um agregado ‘de eus’; pessoas que, guiadas por um salvador, se ligam, se religam e se sustentam em procissão rumo ao paraíso e/ou ao lucro prometidos.
     Pode ser que seja apenas um processo natural, como os processos físico-químicos fundamentais. Quando alguns (ou muitos) elétrons são atraídos irresistivelmente por um núcleo formado por prótons e nêutrons, passam a formar um átomo; quando um ou vários átomos se unem permanentemente uns aos outros, formam moléculas; o aglomerado de moléculas forma matérias, corpos, ligas, artefatos, … reconhecidos internacionalmente.
     Nas Ciências Sociais, as ideias se estruturam em conceitos, teses, sínteses, definições, teorias, doutrinas, … Os cientistas são guardiões das verdades científicas; nesse sentido, os cientistas são os sacerdotes da Ciência.
     “É mais fácil desintegrar um átomo que remover um hábito.” Albert Einstein
     E que diluir uma crença.
     Porém, as instituições (como o dinheiro, por exemplo) só existem enquanto acreditamos nelas.

Notas:

  1. A Bíblia foi a primeira enciclopédia europeia da Humanidade, contendo tudo o que havia sido manuscrito, os textos eruditos, e o que se conseguiu reunir da tradição oral e da sabedoria popular.
  2. De fato, temos imensa dificuldade de assumirmos nossos ceticismos.

Ceticismo, “doutrina segundo a qual o espírito humano não pode atingir nenhuma certeza a respeito da verdade, o que resulta em um procedimento intelectual de dúvida permanente e na abdicação, por inata incapacidade, de uma compreensão metafísica, religiosa ou absoluta do real” Dicionário Houaiss

DEUS SALVE O REI

dEUS salve o rEI

Minha postura é indigna? Seria uma questão política? Salvar a Nação?

Não. Não contem comigo para salvar a Pátria, o Rei, os ministros, os cortesões, os sábios, as concubinas, os sacerdotes, os conselheiros, os pajés, …

Estarei na plateia, rindo dos ridículos governantes.

Peço que me contestem nas divergências… mas… não vale a pena nos indispor por questões políticas.

Vivi sob a égide de uns quinze presidentes, outros tantos governadores e mais prefeitos (não, perfeitos). Pouco tempo perdi “salvando o mundo”. E foi tempo perdido.

Governos são como o clima, as estações, as eras, … Reclamo deles, ironizo seus feitos e efeitos, porém, me adapto às ETERNAS MUDANÇAS… que sempre se repetem.

E eu… procuro não me repetir; vivo ao alcance da minha aura… uma única vida.

A IMAGEM E A ESTÁTUA

O cérebro, através de processos sensitivos, registra na memória imagens (construções mentais de objetos e de acontecimentos), analisadas pela razão ou aceitas “de maneira irrefletida pela consciência imediata” [Houaiss]. Em geral, essas imagens revelam o quanto e o como percebemos a realidade objetiva.

O vocábulo ‘imagem’ descende de ‘imago’, do Latim, imitar. No caso, imitar as características de algum objeto ou fenômeno. Objeto como ação do sujeito pensante; parte do predicado, um atributo, fruto da intuição e da imaginação, formatado de acordo com as categorias do intelecto.

Talvez, por se sentirem inseguros, alguns constroem ou mandam esculpir estátuas das imagens que temem possam fugir da memória deles. Assim, toda vez que esquecerem ou forem tentados a mudar a imagem que formaram de uma pessoa, de um sentimento ou de um fato, eles podem olhar as estátuas correspondentes e voltarem a sentir ‘que nada mudou’, que eles continuam os mesmos, como continua igual a estátua que erigiram.

Platão, em Alegoria da Caverna, analisa como que pessoas presas a imagens ilusórias acreditam conhecer a realidade. Conhecimento ingênuo, frágil diante de análises críticas. E nos força a concluir: “O sábio, depois de desenvolver o conhecimento verdadeiro, sabe apreender, sob a aparência das coisas, a ideia das coisas.”

O ídolo, eleito por seus admiradores, pode rejeitar as imagens que dele fazem, aceitar opiniões alheias ou cultivar a veneração para si mesmo. O cultivo do fascínio pode gerar encantamento e se consolidar em mito.

Muitas vezes, grupos humanos constroem ídolos e se entregam à idolatria. Veneram pessoas e coisas com a convicção de que são sublimes, quase divinas.

Às vezes, nem a morte rompe a quimera. Ao contrário até, pode ampliar e prolongar cultos, gerando mitos.

A PENÚLTIMA ORAÇÃO DO PAI-NOSSO

O pai-nosso é um texto composto de dez orações sintaticamente coordenadas e subordinadas; muito rezadas e reoradas.

Começa com “Pai-nosso, que estais no céu, santificado seja vosso Nome, …”. Exprime o desejo de que seu Nome seja santo; não ele próprio (deus), apenas o Nome. Muito menos o rezador…

“Pai-nosso, que seja santificado vosso Nome” é oração grávida, pois, traz, dentro de si, a oração subordinada adjetiva explicativa “que estás no céu”, esclarecendo que o orador (aquele que ora) está se dirigindo ao pai divino e não ao pai pecador que mora em casa. Importante ressalva, porque os ‘órfãos de pai’ podem ter dois pais no céu: um divino e um cristão. Isso, se o pai terreno, antes de morrer, se arrependeu dos pecados… Ou, talvez, esteja pedindo ao pai divino que corrija o pai humano nada santo, porque comete muitos pecados.

“Venha a nós o vosso reino e seja feita vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia, nos daí hoje e perdoai nossas ofensas como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação… Mas, livrai-nos do mal.”

Sempre rezo “Livrai-nos do mal” (repito, para mim mesmo e para os outros), a penúltima oração do Pai-nosso (palavra composta; nem pai, nem nosso; apenas o nome próprio da oração) que finaliza com “Amém”, do Hebraico, “assim seja”, declarando a nossa fidelidade e o firme propósito de acreditarmos no que falamos.

Para nós, temorosos humanos (que praticamos o temor a Deus…), reservamos a penúltima oração: “… livrai-nos do mal.” Rogamos que nos livre do mal alheio, parece… Embora (síncope de ‘em boa hora’), possamos sucumbir aos males que causamos a nós mesmos.

O pai-nosso é uma invocação – isso mesmo, uma (in)vocação –, uma não-vocação cristã, que representa a alienação pela fé, a abdicação de assumir a vida real, delegando a um deus as responsabilidades pessoais.

A vocação, ação de chamar de viva voz, apelo, chamamento, pendor, parece insuficiente. Então, os fiéis, conscientes de que não têm vocação, invocam a proteção divina, de deuses que eles mesmos edificam. Se tornam invocados, cismados, desconfiados da própria fé, preocupados, irritados e coléricos, até.

HISTÓRIA NOSSA DE CADA DIA

   Quem escreve pode registrar, no mesmo formato, diferentes acontecimentos ou, de forma diferente, os mesmos acontecimentos. A primeira afirmação se refere ao estilo e/ou à formatação do texto sobre uma ideia inédita; a segunda admite possibilidades de versões diferentes para a mesma ideia.
Podemos escrever fatos, acontecimentos, notícias, reportagens (que nos reportam a algo), fórmulas, receitas, hipóteses, teses, teorias, interpretações, poemas, crônicas, contos, romances ou ficções.
Apesar de parecer que só algumas da lista sejam invenções literárias, todos os textos registram o que o escritor imagina (imagem mental apresentada). Mentiras e verdades são frutos da imaginação humana. Mesmo as fórmulas e as teorias. Todo texto escrito tem alguma base ou destino no mundo real e diferentes doses de invencionice para preencher lacunas, chamar a atenção ou convencer o leitor.
Realidade, fantasia e intencionalidade são usadas na produção de textos literários. As doses de cada componente serão determinadas de acordo com o objetivo do autor. Às vezes, de forma inconsciente, os escritores deixam a subjetividade mascarar o objeto para atender aspectos técnicos ou interesseiros.
O léxico informa que ficção é “ato ou efeito de fingir; formação, criação, suposição, ...” Imagino que seja recriar os fatos, reconstruir a narrativa histórica, “com intenção objetiva, mas que resulta de uma interpretação subjetiva de um acontecimento, fenômeno, fato etc”. (Dicionário Eletrônico Houaiss)
Os historiadores – do gênero masculino, raramente do feminino – advogavam autoridade histórica, convencidos de que, ao escrever livros de História (com H maiúsculo), prestavam importante contribuição acadêmica à Humanidade.
A maioria advogava, pois, muitos deles já passam a admitir que a História possa ser considerada uma obra de ficção, mesmo que seja de ficção parcial: meias-verdades e meias-mentiras, baseadas em fontes ausentes e interpretações convencionais.
Historiadores opinam sobre fatos históricos. Escrevem e reescrevem a História, interpretando informações alheias; raríssimas vezes, presenciaram algum dos fatos narrados. Em geral, reescrevem, em outro estilo e segundo ideologias atuais, o que autores anteriores registraram como dado histórico, em condições similares.
Os documentos históricos são fragmentos da História: textos que foram gerados e publicados dentro de contextos pouco conhecidos ou, até mesmo, camuflados.
Portanto, o documento histórico é apenas a síntese oficial de um evento muito maior, mais amplo e mais complexo que a coleção de palavras que sobreviveu.
Além do que, as análises e as interpretações posteriores podem reinventar o fato histórico, possivelmente, com grandes distorções em relação ao que de fato aconteceu.
Quais os objetivos e quais as forças sociais que nortearam a edição do documento? Mesmo os verdadeiros. Há provas de que muitos documentos antigos são textos falsos inventados séculos depois para justificar arbitrariedades.
A Bíblia talvez seja uma antologia que reúne um conjunto de interpretações de fragmentos da oralidade e das escritas ideográficas ou pictográficas. A oralidade agrega subjetividades a cada transmissão; ideogramas e pictogramas são linguagens abertas a interpretações sérias, ingênuas ou tendenciosas.
No Curso de História, no início da Década 1970, tentaram me convencer que Heródoto – o “Pai da História” – comparecia a todas as batalhas com o objetivo de narrar com fidelidade as guerras gregas. Será? Viajava de helicóptero? Por sorte, jamais saiu ferido... Cabeça de Vaca e Karl May descreveram minúcias de suas viagens imaginárias pelas américas. Como que uma comitiva, no Século XVI, teria ido a pé pela mata da foz do Itapocu (Atlântico) a Asunción (Paraguai) em dezenove dias??? Escreveram com convicção. Talvez, baseados em relatos de outros que – de fato – estiveram no continente americano... Cabeça de Vaca convenceu reis a entregarem dinheiro e Karl May vendeu muitas cópias de suas histórias fantásticas. Cabeça de Vaca e Karl May forneceram fantasias terrenas para os cristãos europeus.
E, no Curso de Psicologia, no início do Século XXI, tentaram me convencer que a anamnese desvenda o passado; que as anamneses são fatográficos dos acontecimentos pessoais: que as anamneses são registros gráficos de fatos concretamente vividos.
Anamnese, na filosofia platônica, seria “rememoração gradativa através da qual o filósofo redescobre dentro de si as verdades essenciais latentes que remontam a um tempo anterior ao de sua existência empírica”. Consistiria em “esforço progressivo pelo qual a consciência individual remonta, da experiência sensível, para o mundo das ideias”. (Dicionário Básico de Filosofia, Hilton Japiassú e Danilo Marcondes)
Remonta: re-monta, junta os cacos, reconstrói a história. Reinventa a realidade. Realidade que, segundo algumas teorias, já é invenção individual. Como arqueólogos que reconstroem o corpo ancestral com base na anatomia e nos desgastes de um dente e, em seguida, baseados no espectro que eles mesmos criaram, ‘reconstroem’ toda uma civilização. Generalizam as anatomias e as culturas pré-históricas a partir de um fragmento.
Pura ilusão pensar que, ao ouvir uma regressão, estamos visitando o passado autêntico. Do grego, amnésia, ausência de memória. No entanto, psicanalistas e ‘pacientes’ acreditam. Ainda bem que os psicanalisados têm paciência... e fé.
Meu senso de realidade alerta que dezesseis jornalistas, ao relatarem um acontecimento, escreverão dezesseis reportagens diferentes, colorindo os fatos com seus pontos de vista. Contemplarão as cenas da posição em que estiverem, baseados em crenças pessoais, atendendo convenções sociais e regras de grupos interativos, guiados por convicções políticas, em busca de objetivos imprecisos: o futuro desejado. A maioria deles mencionará o que ouviu dizer, o que as fontes informaram... por critérios outros, quase sempre, subjetivos.
Na meia-idade, passei uma década sem revisitar minha Terra Natal. Quando regressei, ‘as curvas do rio estavam diferentes, com tamanhos, dimensões e direções que contrariavam minhas propaladas lembranças. Apenas o sentido da correnteza era o mesmo.’ Porque, meus sentidos mostravam que o que eu havia sentido, guardado e contado a tantos ... era o que eu sentia ao contar o passado, ao descrever o ausente. Ao falar para quem nunca esteve lá, eu descrevia minhas nostalgias e não as situações e os acontecimentos reais vividos no passado.
Minha mente – sem más intenções ou segundas intenções – contava meias-verdades, verdades parciais ou, até mesmo, inventava histórias, interpretava cenários e fatos, procurando dar veracidade e brilho às minhas ingênuas lembranças.
Se até eu mesmo me assusto com variantes, atalhos, desvios e volteios que, involuntariamente, crio, vamos imaginar as possíveis transigências de um repórter que se reporta a lugar que nunca esteve e a experiência que nunca viveu... Mesmo que o jornalista esteja presente em todo o transcurso, sempre descreverá as impressões e as intenções pessoais ou os mandados do editor, do dono do jornal, do dono da revista, chefe do partido político, do comitê científico, ...
Os historiadores registram ‘oficialmente’ as opiniões deles sobre o que aconteceu no passado; alinhavam as informações que coletaram, preenchendo os vazios do quebra-cabeça com suposições de enredo histórico. Como meteorologistas que tentam prever as variações climáticas, sem jamais se reportarem às previsões erradas...
Todos os textos escritos contêm doses de ficção; quanto mais convincentes, mais fictícios podem ser. O perigo do convencimento está em encantar o leitor com aparências de realidade. Basta recortar e comparar afirmações de um mesmo livro de História para encontrar discrepâncias e, até, contradições.
Quando leio poemas, contos e romances escritos por pessoas com quem convivi, percebo a distância entre o que eles dizem que viveram (e escrevem em seus livros e autobiografias) e o que de fato aconteceu. (Ou eu também estarei divagando?) Se eu fosse louco de tomar como realidade o que escrevem meus colegas escritores, estaria corroborando e colaborando para convencer os leitores de que aquilo foi – de fato – o que aconteceu e que, naquela época, as pessoas viviam daquela forma. Que o mundo teria sido aquele. Sim. Em parte, pode ter sido. Os floreios são fantasias.
Se não devo confiar nem na minha memória do que vivi, como vou confiar no que os outros escrevem do que os nossos ancestrais viveram? Se minha memória trai a mim mesmo, quanto posso enganar a quem lê o que escrevo?
Então, nas redes sociais ... precisamos ler com espírito crítico.

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A IMAGEM E A ESTÁTUA