OS EXPLORADORES

Muito ativos desde pequenos,

choram por qualquer coisa,

exigem dedicação integral e

conseguem a atenção cobrada.

.

Só que começam engatinhar,

exploram o quarto, a casa, o quintal.

Remexem tudo e seguem adiante…

sempre sem limites.

.

Da mãe,

exigem alimento,

carinhos, o infinito e a eternidade;

do pai,

cobram trabalho extenuante,

segurança e presentes;

das demais pessoas,

ocupam o centro das atenções.

.

Mesmo assim, reclamam de tudo.

.

Para ampliar a exploração,

recebem madrinhas e padrinhos,

fontes inesgotáveis

de elogios e de mimos.

.

Depois de explorar o pai, a mãe,

a família, os padrinhos, os avós,

os irmãos e os vizinhos, frequentam

creches, escolas e academias, onde

continuam exigindo privilégios:

exploram colegas e professores.

.

Crescem explorando pessoas,

comunidades, clientes, governos

e todos os que deles se aproximam.

.

Se apossam da natureza

como predadores insaciáveis,

derrubando árvores, matando animais,

queimando os resíduos orgânicos

e, por último, vendem

as pedras que restam no solo.

.

Envenenam as lavouras,

as pastagens, os pátios de casa,

os rios, as lagoas, o mar e o ar.

.

Seguem explorando os vizinhos,

as terras dos vizinhos,

as matas dos vizinhos,

as criações dos vizinhos,

os transportes dos vizinhos,

a amizade dos vizinhos,

a boa-fé dos vizinhos e

acabam esgotando

a paciência dos vizinhos.

.

Depois de sugar a mãe, o pai,

a família, a comunidade,

a natureza e os mananciais de água,

passam a explorar as verbas públicas

e os espaços sociais…

.

Como gafanhotos humanos,

vão desfolhando a vida;

por onde passam,

só restarão esqueletos ao vento.

.

Exploradores

são pessoas bem atuantes,

que vivem sem limites,

se apossando de tudo

o que estiver disponível,

devorando o que encontram,

exigindo ‘colaboração’ dos outros,

sem nunca colaborar,

e ‘ficam muito brabos’ quando

os desejos e a voracidade deles

não forem atendidos.

.

Exploradores desdenham e combatem

a ordem, os limites, as regras,

os valores morais,

as ações comunitárias,

o trabalho coletivo,

a preservação da natureza,

o ajardinamento de ruas e praças,

os cuidados com a casa,

a lealdade com as pessoas e

o respeito com as diferenças.

.

Exploradores não perguntam

‘Eu posso entrar?’,

‘Eu posso pegar uma fruta?’,

‘Eu posso ajudar nesse trabalho?’,

‘Como você se sente?’,

‘O que você espera de mim?’, …

.

Quando casam,

os exploradores já são

especialistas em exploração

e dominam completamente

as esposas, os sogros, os cunhados,

os filhos, os parentes, as instituições.

.

Querem ser servidos,

‘ter tudo à mão’,

sem questionamentos

ou reclamações.