MODA LITERÁRIA

 Nesse início do Século XXI, despontam modismos no mundo literário, como “simplificar as frases”, engolir letras (esse, já bem conhecido…), engolir palavras, não usar vírgulas (porque “nunca estudou Análise Sintática” e nem imagina que elas são ferramentas da sintaxe e não, regras ortográficas…) e americanizar o modo de escrever.

 Pode o leitor argumentar que eles usam ‘elipses’ e ‘síncopes’… Tenho convicção de que esses ‘confrades’ nem mesmo ouviram falar e muito menos pesquisaram para saber o que sejam análise sintática, elipses literárias e síncopes morfológicas ou as diferenças entre gramática e linguística.

 Um escritor que eu valorizo me criticou por escrever ‘seguir em frente’. “Só se pode seguir em frente. Então, basta escrever seguir.” Evidente que ele prefere seguir os ditames da máfia jornalística e da indústria editorial, sem analisar os significados do verbo ‘seguir’, pois, posso seguir até uma minhoca andando em zigue-zague… indo para os lados ou indo para trás.

 Esses mesmos editores e escritores consideram que eu seja um louco por analisar os vocábulos em dicionários e por pesquisar na WEB, sempre em busca de aperfeiçoamento do que escrevo, para escrever melhor, com maior clareza e mais objetividade, buscando facilitar o trabalho do leitor. Para ler os textos desses modistas, o leitor terá de investir tempo, energia e paciência para interpretar os enigmas, restando pouca vontade e nenhum interesse nas ideias ‘encriptadas por modismos’.

 Para completar minha perplexidade, os ‘intelectuais’ delegam à ‘Inteligência Artificial’ a tarefa de escrever poemas, contos e romances. Eles concluíram que escritores (pessoas) são incapazes de ler a realidade e devem ser arquivados em museus ou abandonados em sítios arqueológicos.

3 comentários sobre “MODA LITERÁRIA

  1. Não tenho nenhuma formação universitária, mas, consigo entender melhor, qual a ideia o escritor deseja transmitir, lendo um texto conciso, sem abreviações, nem adivinhações.

  2. Senti falta de alguns exemplos, excertos de texto contendo os citados vícios; fiquei curioso. Os modismos existem desde que existe mundo, ou não haveria mudança. O que difere uma tendência consistente de um modismo irritante? A capacidade de ser absorvido pela norma da literatura, eu diria. Em outras palavras, novidades sempre estão sendo inseridas, e poucas delas sobrevivem para fazer parte do grupo das práticas bem vistas da literatura. Faz pouco li Scoop, de Evelyn Waugh, edição relativamente recente em inglês; é um exemplo de escrita que sobreviveu às décadas, uma prosa de humor ácido, com tempos bem resolvidos. É um cacoete que segue atual, diferente de outro cacoete do primeiro quarto do século XX, o fluxo de consciência, que tolero em poucos autores, e principalmente porque este autores em questão vão bem além de um cacoete limitante.

    • Agradeço as análises e, principalmente, por ter apontado que algumas se fixam como “norma de literatura” e outras, não.

      Considero que, mais que exemplos, fez falta o contexto; ou seja, um texto não contextualizado. Cada escritor deve escrever do jeito que quiser, mesmo que isso possa atrair apenas os que compartilham “cacoetes” com ele. Minha indignação decorre de dois meses de trabalho inútil com uma editora que queria “fazer pequenos ajustes”… para impor o cacoete dos ‘artistas’ que queriam melhorar a capa do livro. E por pessoas que pedem ajuda ‘para escrever melhor’ e contestam as orientações linguísticas porque “a maioria escreve assim também”.

      Considero que haja suficientes e bons exemplos *(**“simplificar as frases”, engolir letras (esse, já bem conhecido…), engolir palavras, não usar vírgulas, … Além da citação direta de ‘seguir em frente’)* e indicação de procedimentos técnicos que ajudam na comunicação dos autores com os leitores. Logo a seguir, escrevi PARALELISMO SINTÁTICO. Poderia ter escrito sobre paralelismo semântico e paralelismo gramatical. Bastaria ler Jane Austen para constatar que ela tem o estilo dela, porém, segue a lógica linguística.

      Longe de mim querer influenciar quem escreve e publica. Ou escrever ensaios sobre textos de outros autores. Apenas, luto para me manter autêntico, livre para ser diferente e caminhar distante do rebanho de ‘influencers’.

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