PARALELISMO SINTÁTICO

                                                  

Eu dou importância relativa às regras gramaticais e, em alguns pontos, discordo de gramáticos, acadêmicos, editores e críticos literários. Ao invés de perder tempo com arbitrariedades ‘legais’, estudo, analiso e sigo os princípios universais da Linguística, das lógicas estruturais das palavras, das frases e dos textos, conforme a finalidade a que se destinam.

Para meu uso pessoal, com o objetivo consciente de facilitar para o leitor o acesso direto e sem sofrimento às ideias que coloco em palavras, releio várias vezes o que escrevo, peço opinião de leitores exigentes, aguardo a ‘maturação’ dos textos e, só então, publico. Tento, desse modo, evitar ‘abortos literários’.

Um dos meus cuidados está no paralelismo sintático, como explico a seguir.

Analisando as frases:

  1. Estão convocados Maria e Paulo. Estão convocados a Maria e o Paulo.
  2. Ana e Ivo estudam a linguagem escrita. A Ana e o Ivo estudam a linguagem escrita.
  3. Cesar gosta de ler e de escrever.

Nos três casos, há aglutinação de orações ligadas pela conjunção ‘e’, conectivo que correlaciona dois termos na mesma oração ou duas orações de um mesmo período.

As orações ‘Está convocada Maria.’ e ‘Está convocado Paulo.’ foram sintetizadas em ‘Estão convocados Maria e Paulo.’ De forma análoga, ‘Está convocada a Maria.’ e ‘Está convocado o Paulo.’ foi reduzida a ‘Estão convocados a Maria e o Paulo.’ ‘Ana estuda a linguagem escrita.’ e ‘Ivo estuda a linguagem escrita.’ Então, ‘Ana e Ivo estudam a linguagem escrita.’

Cesar gosta de ler e, também, gosta de escrever. Numa só oração, ‘Cesar gosta de ler e de escrever’. Sem o ‘de’ (sem paralelismo sintático: ‘Cesar gosta de ler e escrever’), pode ser que ‘Cesar gosta de ler e escrever virou consequência’. Ou que ‘Cesar gosta de ler e escrever ficou mais fácil para ele’.

Em ‘Estão convocados a Maria e o Paulo.’, a presença dos artigos definidos indica que as duas pessoas (ou personagens) são conhecidas (e reconhecidas) pelo escritor e pelo leitor. A ausência dos artigos ‘a’ e ‘o’ deixa em aberto a identidade dos sujeitos. Por outro lado, podemos usar artigos indefinidos: ‘Estão convocados uma Maria e um Paulo.’ São opções, por questão de necessidade, de escolha ou de estilo.

Porém, escrever ‘Estão convocados a Maria e Paulo.’ indicaria que o escritor alterna as regras conforme ‘sua vontade’; óbvio, se estiver consciente de como escreve… ‘Está convocado o Paulo.’ e ‘Está convocada Maria.’; um, determinado e o outro, não. Parece que a frase continuaria: ‘Está convocada a Maria e Paulo sabe disso.’

Você já viu escrito ou ouviu dizer “Gosto disso e aquilo.”? É normal ler ou ouvir “Gosto disso e daquilo.”, porque é a lógica linguística, a linguagem natural, sem afetação. Caso contrário, parece que a frase continuaria, como em “Gosto disso e aquilo me repugna.”

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