Histórias gravadas em neurônios.
A equipe de neurônios – o cérebro –
armazena e administra informações.
Se estiver bem configurada,
a mente seleciona conhecimentos,
arquiva o que possa ser útil e
descarta dados provisórios, fracos,
efêmeros, inócuos ou imprestáveis.
O conjunto de repertórios individuais
– compostos de dados escolhidos
por cada um dos pensantes –
forma a consciência coletiva,
a história da comunidade.
Os livros particulares e os públicos
podem ser lidos por quem se interessar;
mexeriqueiros, indiferentes e alienados
utilizam a biblioteca universal
segundo critérios convenientes.
Os dias – páginas das vidas – revelam
monotonias, inconstâncias e surpresas;
nem sempre as frases e os parágrafos
obedecem às especificações
dos títulos e dos sumários dos livros.
Cada notícia, mudança ou invenção
registrados nos livros vitais,
– parágrafos históricos pessoais,
páginas ou capítulos nacionais –
podem ser lidos como verdades,
engodos encobertos, mentiras;
ou podem ser só trechos a deletar.
A cada linha, a cada parágrafo,
as surpresas podem inverter
visões de mundo, expectativas,
crenças e filosofias de vida.
As leituras podem encontrar
continuidade coerente
com o que foi anunciado
ou rupturas, descontinuidades
e, até mesmo, contradições.
Ler os livros vitais pode ser exercício
enfadonho, revelador ou assustador;
o conteúdo das páginas seguintes
sempre será uma incógnita.