Chegamos
aos pés do cruzeiro que abençoa o Araguaia,
na hora escura que dá início à noite,
como dois peregrinos perseguindo um sonho.
No começo,
o rio era apenas um vulto deslizando;
a lua brilhava no céu máximo
e a estrela vespertina se deitava nas águas.
Aos poucos,
uma luz – não sei se dos meus olhos –
foi dando contorno ao rio que não dorme.
Passou um barco, quebrando o silêncio.
De repente,
a brisa sul soprou e trouxe para mim
o perfume de um banho – cheiro de mulher –
nascido de uma flor delicada e resistente.
Quando
a mão procurou a mão para doar o carinho
que tanto ansiava, a porta se fechou
por estranha força que deseja e não quer.
Durante
o tempo de espera, a contemplação lenta
da noite brilhante, da beleza feminina;
e a fala sincera contando de sonhos.
Depois
o vagar incerto pelas ruas descalças,
procurando desculpas para fugir do abraço;
com medo da entrega, do carinho e do amor.