Num repente,
iniciou o tropel
batido pelos oito cascos
sobre a rua preta.
Eram duas;
quase iguais por fora,
bem diferentes por dentro.
Vinham em fila tão reta
que os pés da que seguia
pisavam os pisados
dos pés da madrinheira.
A que conduzia a marcha
carregava dois chifres
crescidos num redondo perfeito
que faltava fechar cinco dedos
num alto do tamanho da cabeça.
Seguia altiva,
com sobra de peso,
levando um corpo firme
de determinação pela consciência
da liderança assumida.
A última,
que era mocha de nascença,
batia com mais força
todo medo de suas pernas magras
como se quisesse furar o asfalto.
Balançava vigorosamente quatro tetas vazias
em movimento oposto ao corpo.
Parecia vestirem couros
de fumaça chovida,
pois o cinza adensado no lombo
ia branqueando na descida.
Bem em frente ao olhar,
a segunda mugiu
um desespero longo,
contando do medo
de andar à procura de um nada
perdido nas lonjuras além.
Ao olhar os outros olhos,
ficou evidente
que essa estranheza
era coisa particular,
porque, no demais,
ninguém se importou
com a passagem.