Ao contemplar o voo dos pássaros,
podemos admirar as acrobacias ou
invejar a possibilidade de voar.
As asas que utilizam o ar como suporte
também cobrem o corpo quando chove,
servindo de telhado e de abrigo.
Ah! Se pudéssemos voar,
viajar por sobre as cabeças humanas,
e pousar nos ramos das árvores…
Porém, nossos corpos são tão pesados
quanto os problemas que criamos
em nossas mentes ‘inteligentes’…
admiramos o que não temos e
esquecemos do privilégio
de ter braços, mãos e dedos.
Esquecemos da preciosa ferramenta
que máquina alguma substitui
em sensibilidade e em habilidade.
Com braços, mãos e dedos,
acariciamos, colhemos alimentos
e construímos nossas casas.
Sem braços, mãos e dedos,
o pássaro depende do bico
para tecer, construir ou se defender.
Um só bico e não duas mãos.
Sem polegar opositor e com
um olho em cada lado da cabeça.
Com o mesmo bico que canta,
o pássaro esgravata o chão,
caça, come e constrói o ninho.
O bico que alimenta os filhotes
é o mesmo que retira as fezes
para manter a casa limpa…
Com o bico, os pássaros
limpam a pele e o ninho,
únicos abrigos e hospedaria.
Usam as asas para voar,
cobrir o corpo na chuva ou
se proteger contra o frio.
Abrigam apenas a si mesmos,
sem chances de hospedar
companheiros ou namorados.
Pássaros e humanos,
com corpos tão diferentes,
pensam as mesmas coisas?