Maria Junior, filha de Maria Só.
De pai nenhum: produção independente.
Pretensamente, de beleza ímpar.
Por onde caminhasse,
ia encantando genros e estrangeiros,
mas passava incólume como um cisne.
A mãe, fascinada, declarou que
a filha estava consagrada a deus;
seria uma intocável.
Construiu uma casa em formato de igreja.
A torre tinha janelas com vitrais coloridos,
que refratavam os raios solares em arcos-íris
e produziam luares multicolores.
Nas noites de lua cheia, Maria Só e Maria Junior
se vestiam inteiramente de branco
e ficavam uma contemplando a outra,
como duas flores que se admiram mutuamente.
Assim, Maria Junior se fez mulher;
mulher só na aparência.
DO LIVRO POESIAS DO MARIO TESSARI QUE EU GOSTO – Maria Elisa Ghisi, 2014